Relatório de Safra 2021/2022

Santos, 6 de Janeiro de 2021.

Queridos amigos e parceiros do café,

Primeiramente, gostaríamos de desejá-los um próspero e saudável 2021.

O ano de 2020 foi definitivamente um ano para entrar para os anais da história. Quando olhamos para esse mesmo período no ano passado, quando compilávamos nossas estimativas de safra brasileira para 2020/2021, o Coronavírus começava a se espalhar no mundo, mas não sabíamos o impacto que esse desafio inesperado teria em nosso modo de vida. Após um ano, esse vírus atingiu os cantos mais remotos do globo e afetou cada um de nós de modos diferentes. Ao mesmo tempo que há otimismo com as novas vacinas que começam a ser aplicadas mundialmente, essa pandemia continuará a ser parte do nosso dia a dia ao longo de grande parte de 2021.

          A grande questão que se mantém para todos é qual é o impacto dessa crise na demanda mundial de café. Concordamos todos que houve mudança de canais de consumo – por exemplo, de fora de casa para dentro de casa – e que há um impacto genérico na demanda, mas, na realidade, a resposta está longe de ser clara. Tendo dito isso, o foco deste relatório não será a demanda, mas nossas estimativas de produção e exportação de café verde brasileiro.

          Olhando em retrospecto ao nosso último relatório de safra, mantemos nossas estimativas de 56,8 milhões de sacas, divididas entre 38mi arábica e 18,8mi conilon. Com 40.2 milhões de sacas exportadas nessa safra e 21 milhões de sacas de consumo interno, consideramos que haveria um estoque de transição (carry-over) de 3.7 mi sacas na entrada da safra atual.

          No começo da safra atual, já se estimava que ela seria uma grande safra. No relatório do último ano, estimamos 67,7 milhões de sacas, sendo 48,25 arabica e 19,45 robusta. Agora estamos no começo da segunda metade da safra e fizemos pequenas alterações em nossas estimativas.

          Para a safra atual de 2020/2021, estimamos 68mi sacas, sendo 50,8mi sacas arábica e 17,2mi robusta. Em outras palavras, aumentamos nossa estimativa do arábica em 2,55mi de sacas e reduzimos a estimativa do conilon em 2,25mi de sacas, levando a um crescimento líquido de 300 mil sacas.

          Exportações continuaram a quebrar recordes com o Brasil embarcando 24,4mi sacas no período de Julho-Dezembro 2020 e 44,4mi de sacas no ano-calendário (Jan-Dez). Os atuais números de exportação para Janeiro 2021 estão começando a indicar que esse ritmo começa a diminuir, portanto prevemos um adicional de 20,6mi de sacas entre Janeiro-Junho 2021, atingindo, assim, uma exportação total de cerca de 45 milhões de sacas para o ano-safra Julho 2020 – Junho 2021. Isso nos deixaria com um estoque de transição de 2020/2021 de 6,7 milhões de sacas    

          O impacto da chuva abaixo da média e as altas temperaturas no Brasil circulou largamente no mercado. Talvez estejamos sendo menos pessimistas que outros, mas não há dúvida que o potencial da safra de 2021/2022 foi afetado. Nós consideramos Mogiana como a região que mais sofreu. Quando a situação meteorológica melhorou, era tarde para reverter a situação. O efeito das condições climáticas adversas junto à safra de ciclo anual de menor produção levarão, inevitavelmente, a uma redução consideravelmente maior do que projetava o mercado meses atrás.

          Com isso em mente, para 2021/2020 prevemos 54,2 milhões de sacas, divididos em 35,25mi arábica e 18,95mi. Isso implicaria uma redução de 30,6% no arábica e um crescimento de 10,2% no robusta.

          Um déficit da oferta de da demanda globais em 2021/2022 é um consenso, mas, novamente, o tamanho desse déficit dependerá do ritmo da implementação dos programas de vacinação dos diversos países e de quando as economias desses países voltarão para o “normal”, o que quer que seja o normal pós-pandemia.

          Exportações do Brasil naturalmente cairão como resultado desse cenário no período de 2021/2022. Nós estimamos aproximadamente 38,3mi sacas de exportação (redução de cerca de 15%), portanto acreditamos que os estoques no final deste ano, tanto na origem como no destino, serão reduzidos a níveis extremamente baixos. No Brasil, por exemplo, de acordo com nossas estimativas, nós terminaríamos a temporada 21/22 com carry-over de 1,34mi de sacas.

          Todo esse quadro pode parecer negativo e pessimista, mas acreditamos que esses fatores já foram considerados nos preços de mercado, em sua maioria, e essas previsões terão efeitos principalmente nos diferenciais. Tendo dito isso, nós sustentamos a certa tendência bullish nos preços.

          Por fim, nós estamos satisfeitos de dizer que nossa subsidiária europeia está nos estágios finais de incorporação e esperamos ter novas notícias sobre isso em breve.

          As próximas páginas incluem números que trouxemos no relatório. Continuamos à sua disposição caso que esclarecer ou conversar sobre algum ponto.

          Cordiais saudações,

Equipe Comexim

trading@comexim.com.br